Botafogo controla os nervos e se mostra pronto pra conquistar a América
O Botafogo cumpriu uma das missões mais árduas do continente ao buscar uma classificação para a semifinal da Conmebol Libertadores dentro do Morumbis lotado contra o São Paulo. O empate em 1 a 1 no tempo normal levou a partida para a disputa de pênaltis, vencida pelo alvinegro em 5 a 4.
O resultado iguala a melhor campanha do clube na história da competição continental, algo que aconteceu duas vezes em 1963 e 1973. Mas não foi sem sofrimento.
Artur Jorge repetiu a formação inicial que utilizou no jogo de ida e podemos dizer que a postura também. O Glorioso foi dominante nos primeiros 30 minutos de partida e soube aproveitar uma oportunidade que teve. Almada aos 14, completou boa jogada de Savarino.
Se o cenário não foi de um amasso como na partida anterior, o domínio se manteve, em todos os aspectos: físico, técnico e tático. Gregore e Marlon Freitas anulavam completamente Lucas Moura, enquanto, pela ponta-direita, William Gomes não conseguia ameaçar Alex Telles.
Bastos e Barboza dominavam Calleri sem dificuldades. Sempre ganhando as disputas físicas, ficando com a segunda bola e atacando com velocidade e intensidade.
Isso forçou o técnico são-paulino Luís Zubeldía e fazer uma alteração, colocando Luciano para jogar por dentro e abrindo Lucas. O reserva deu mais pegada no meio e o time melhorou nos minutos finais antes do intervalo.
John foi um mero espectador na primeira etapa, até mesmo quando o São Paulo teve a melhor chance. Lucas perdeu cobrança de pênalti no fim da primeira etapa sem que o goleiro precisasse tocar na bola, acertando o travessão.
Queda, pressão e nervos de aço
O Botafogo voltou pior para a segunda etapa, aos poucos foi dando espaços e viu o São Paulo finalizar sete vezes em pouco mais de 18 minutos, com direito a Calleri perdendo um gol embaixo da trave sem goleiro e uma defesaça de John em chute de Lucas Moura.
Vendo o time sofrer, Artur Jorge sacou Savarino e colocou Tchê Tchê, passando a uma trinca de volantes no meio como forma de controlar melhor a partida mesmo sem a bola. E deu resultado. Ainda que não tenha ameaçado muito o adversário, passou proporcionar menos chances na defesa.
Mas a falta de agressividade cobrou o preço. Em um momento que os paulistas já não conseguiam fazer uma pressão como no começo da segunda etapa, André Silva escapou livre na ponta esquerda e fez cruzamento preciso. Calleri subiu sem marcação entre Bastos e Marçal para empatar aos 40.
Nestor ainda deu um chute perigoso na sequência. Logo depois uma confusão em campo entre Zubeldía, Rafinha, Marçal e Gatito paralisou o jogo por um longo período. Isso esfriou o ímpeto são-paulino e praticamente matou o tempo regulamentar.
O drama seria resolvido na disputa de pênaltis. O Botafogo tinha o peso emocional de ter sofrido a virada no fim, de não chegar à semifinal há mais de 50 anos, além de toda a ânsia de uma torcida gigante que quer voltar a comemorar títulos do primeiro escalão. Pela frente, um tricampeão do torneio. O único brasileiro tricampeão mundial de clubes.
Mesmo sob tudo isso, os botafoguenses deram outra demonstração de algo que é importante para conquistar a copa: força mental. O símbolo disso é Thiago Almada. O jovem de 23 anos recebeu a missão de cobrar o 5º pênalti, depois de o São Paulo ter convertido. Se errasse, seria a eliminação. A batida foi perfeita, na gaveta.
John aproveitou o momento e voou no canto esquerdo baixo defender a cobrança de Rodrigo Nestor. A vaga para as semifinais estava nos pés de Matheus Martins. 20 anos e uma categoria enorme. Deslocou Rafael, colocou na rede e correu para comemorar.
Naquele momento ficou claro que o Botafogo está pronto. Pronto para qualquer situação, para qualquer adversário. Não importa a condição, a torcida adversária, ou mesmo o cansaço. Essa equipe parece destinada à Glória Eterna.