Conab projeta queda na moagem de cana e produção recorde de açúcar na safra 2025/26

A safra 2025/26 de cana-de-açúcar deve alcançar 663,4 milhões de toneladas, volume 2% inferior ao registrado na temporada anterior.
A área destinada à cultura se mantém relativamente estável, com leve alta de 0,3%, chegando a 8,79 milhões de hectares.
A produtividade média estimada é de 75.451 quilos por hectare, uma queda de 2,3%, reflexo das condições climáticas desfavoráveis durante o desenvolvimento das lavouras em 2024.
Os dados são do 1º Levantamento da Safra de Cana-de-açúcar 2025/26, divulgado nesta terça-feira (29) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A redução na produção nacional é puxada pela queda esperada na região Sudeste, principal polo canavieiro do país. A colheita na região deve recuar 4,4% em comparação com a safra 2024/25, totalizando 420,2 milhões de toneladas.
Regiões
A produtividade média também sofre impacto, com retração de 3,3%, estimada em 77.573 kg/ha, pressionada por baixa pluviometria, altas temperaturas e focos de incêndio, especialmente em São Paulo. Além da queda na produtividade, a Conab prevê redução na área colhida.
No Centro-Oeste, segunda maior região produtora, a expectativa é de crescimento de 2,1% na produção, alcançando 148,4 milhões de toneladas.
O aumento é impulsionado pela expansão de 3,4% na área plantada, que chega a 1,91 milhão de hectares. Apesar do avanço, a produtividade média deve cair 1,2%, atingindo 77.574 kg/ha, em razão do clima adverso.
A região Sul tende a manter estabilidade na produtividade, com média próxima de 69 mil quilos por hectare. A área plantada, porém, deve crescer 2,3%, somando 497,1 mil hectares e resultando em produção estimada de 34,4 milhões de toneladas.
No Nordeste, onde a colheita começa em agosto, a produção deve avançar 3,6%, atingindo 56,3 milhões de toneladas, favorecida pela ampliação da área cultivada e pela expectativa de melhora nas produtividades.
A região Norte também projeta crescimento. Com condições climáticas mais favoráveis e aumento da área plantada, a produção de cana deve alcançar 4,2 milhões de toneladas, com produtividade média estimada em 82.395 kg/ha.
Açuçar: safra recorde
Apesar da redução na safra de cana, a produção de açúcar deve atingir um recorde histórico, com expectativa de 45,9 milhões de toneladas em 2025/26, segundo a Conab.
Por outro lado, a produção de etanol — somando derivados da cana e do milho — deve recuar 1% em relação ao ciclo anterior, totalizando 36,82 bilhões de litros. No etanol de cana, a queda projetada é de 4,2%, impactada pela menor oferta de matéria-prima.
Essa redução, contudo, será parcialmente compensada pelo aumento de 11% na fabricação de etanol de milho.
Mercado
O cenário para 2025/26 é de boas perspectivas para o açúcar, impulsionado pela alta competitividade do Brasil no mercado internacional, com custos de produção relativamente baixos e expectativa de menor oferta em grandes produtores como Índia e Tailândia.
A manutenção de embarques em volumes elevados é esperada. No etanol, a demanda interna seguirá atrelada à competitividade frente à gasolina e às políticas de preços dos combustíveis.
O crescimento da produção de etanol de milho se destaca, reforçando a diversificação da matriz de combustíveis renováveis e garantindo maior estabilidade ao mercado, especialmente em períodos de menor disponibilidade do etanol de cana.