Mato Grosso do Sul, 11 de janeiro de 2025

Planta invasora “importada” dos EUA ameaça lavouras no Brasil

Uma planta capaz de causar grandes perdas de produtividade em culturas anuais causa preocupação nas lavouras do Brasil. Inicialmente ela foi detectada no estado do Mato Grosso em 2015 e posteriormente encontrada no Mato Grosso do Sul, em 2022.

Trata-se do Caruru Palmeri (Amaranthus palmeri). A planta daninha está no topo da lista de pragas com maior risco fitossanitário para o Brasil, devido ao alto potencial de disseminação e agressividade, tendo como principal meio de propagação o trânsito de máquinas agrícolas e veículos carregando as sementes

Pesquisadores da Embrapa, juntamente com o Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil (Mapa) e dos Estados Unidos alertam que as colhedeiras usadas de algodão importadas dos EUA são as principais vias de dispersão de sementes da planta no Brasil.

Limpeza eficaz

Por ser uma planta de difícil controle, crescimento agressivo, alta prolificidade e que tem resistência a herbicidas, o pesquisador da Embrapa Soja, Dionísio Gazziero, ressalta que é importante que as colhedeiras sejam muito bem limpas e descontaminadas.

“Estas medidas diminuem o risco de alguma semente passar despercebida. A limpeza evita a introdução em novas áreas e deve ser realizada antes do equipamento se deslocar para outra propriedade, uma vez que as sementes são muito pequenas e de difícil visualização, principalmente quando misturadas aos resíduos das colheitadeiras”, esclarece Gazziero.

Em condições ideais Caruru Palmeri pode crescer de 2 a 4 cm por dia. Segundo a Embrapa, este fato pode prejudicar a eficácia dos herbicidas pós-emergentes, pois o atraso na aplicação pode reduzir a sua efetividade.

“Por este motivo, áreas que apresentam problemas com caruru-palmeri é muito importante o uso de herbicidas pré-emergentes para auxiliar no seu controle. O controle inadequado pode inviabilizar a colheita, aumentar a necessidade do uso de herbicidas, onerar o custo de produção e ocasionar enormes prejuízos para a agricultura brasileira”, diz a Embrapa.

Ameaça nova 

Essa nova espécie não era registrada anteriormente no Brasil e cria severos problemas para os produtores de soja.

“A informação sobre a forma como essa planta conseguiu entrar no Brasil serve de alerta para todos os agricultores que importam maquinário usado e para os e órgãos de vigilância vegetal e aqueles utilizam maquinários de terceiros, que transitam com elas de uma área ou estado para outro”, explica o pesquisador Alexandre da Silva, da Embrapa Milho e Sorgo, que cobra o estabelecimento de uma Instrução Normativa federal com diretrizes básicas a serem seguidas no caso de detecção da praga.

De acordo com o pesquisador Antonio Cerdeira, da Embrapa Meio Ambiente a planta é facilmente confundida com outras espécies de caruru, comuns no Brasil. 

As folhas caruru-palmeri, porém, são arranjadas de forma simétrica no caule que apresenta estrias longitudinais sem pilosidade. Eventualmente nas folhas aparecem manchas brancas em forma de “V”, e um pequeno pelo no final da nervura central.

Em caso de suspeita da sua presença, é preciso comunicar ao órgão de defesa agropecuária local para identificação e confirmação da suspeita. Na dúvida, o produtor deve optar pela eliminação da planta em sua área para evitar a sua proliferação.

O alerta realizado pelo Mapa aos órgãos de defesa agropecuária estaduais e o monitoramento das lavouras realizados por estas instituições têm permitido a identificação precoce de algumas áreas infestadas e contribuindo para a redução da velocidade de disseminação dessa espécie, evitando ou retardando um novo problema para a agricultura brasileira.

Estratégias de contenção

Depois de ser classificada como planta daninha quarentenária presente, o caruru-palmeri passa a ser incluída em Programa Oficial de Controle Pragas do governo federal.

Devido a sua ameaça, no Mato Grosso, foi instituído o Comitê de Contenção do caruru- palmeri com o objetivo de apoiar os órgãos de defesa agropecuária (INDEA-MT) nas ações de combate à esta planta daninha.

Fiscais estaduais de agropecuária foram capacitados para identificar as espécies e fazer levantamentos nos Estados. Posteriormente, agentes de defesa agropecuária de outros Estados foram capacitados e tem incluído em sua rotina a observação da ocorrência desta planta daninha nas lavouras inspecionadas. O engajamento da comunidade agrícola é fundamental para contenção da praga.

“É importante reforçar e rever a política de fiscalização na importação de maquinários usados, bem como sobre o trânsito de máquinas, principalmente entre Estados depois de ter sido detectada no Brasil “, alerta Gazziero.

Notícias Relacionadas
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

    Publicidade
    Conffi