Mato Grosso do Sul, 9 de janeiro de 2025

El Niño 2023 já afeta clima nas áreas produtoras de milho no Brasil

O fenômeno El Niño já está atuando nas áreas de produção de milho da 2ª safra do Paraná, de acordo com análises da EarthDaily Agro, empresa que atua com monitoramento das lavouras por satélite e sensoriamento remoto. 

Os dados dos modelos climáticos europeu (ECMWF) e americano (GFS) indicam temperaturas acima da média para toda a região Sul do país e boa parte do Centro-Oeste, nos próximos 10 dias.

“Para o Brasil, durante os meses de junho a agosto, o El Niño normalmente resulta em temperaturas acima da média, diminuindo a chance de geadas, uma vez que ocasiona um inverno mais quente”, explica Felippe Reis, analista de cultura da EarthDaily Agro. 

Nas áreas que semearam mais tardiamente, como Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo, as temperaturas mais altas diminuem a chance de geadas, que seria prejudicial para as lavouras, mas podem aumentar a evapotranspiração provocando a redução da umidade do solo.

Especialmente no Paraná, se houver baixo volume de chuvas, a produtividade das lavouras pode ficar comprometida principalmente nas regiões onde já há registros de queda da umidade do solo. 

Vale citar que, em maio, relatório elaborado pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) alertou para os efeitos do El Niño em 2023 e possíveis impactos na segurança alimentar mundial, caso as previsões climáticas se confirmem. 

Segundo o estudo Sistema Global de Informação e Alerta Precoce sobre a Alimentação e a Agricultura, elaborado pela equipe de Mudanças Climáticas, Biodiversidade e Meio Ambiente, e divulgado agora em maio, a formação do El Niño preocupa especialmente partes da África, América Central e o Caribe e da Ásia.

De acordo com a FAO, Austrália, Brasil e África do Sul, principais produtores e exportadores de cereais, estão entre os países em risco de seca. 

Ciclo atual no Paraná

No Paraná, o índice de vegetação (NDVI) apresentou evolução muito ruim no ciclo atual, indicando comprometimento de produtividade em áreas das regiões leste e central do estado.

“A seca registrada em março teve pouco impacto sobre as lavouras, uma vez que as plantações do estado foram semeadas mais tarde nesta temporada, mas a seca ocorrida em maio parece ter limitado o potencial produtivo do milho”, analisa a consultoria.

“A deterioração do índice de vegetação nas últimas semanas reforça essa teoria. No entanto, o NDVI permanece melhor, se comparado às temporadas 2021 e 2020,  quando houve forte quebra de safra nas duas regiões”, completa o relatório.

Já o Oeste do Paraná ainda não tem motivo para preocupação. O NDVI está elevado, indicando que as lavouras estão em boas condições. No entanto, a seca esperada para os próximos dias poderá limitar o potencial produtivo das lavouras.

Também o Sudeste e parte do Centro-Oeste receberam bons volumes de chuva nos últimos dias de maio, mas a seca predomina nos próximos dias, indicando chuva apenas em parte do Mato Grosso nestas.

2ª Safra de Milho

Importante cultura na 2ª safra, o milho tem uma produção total estimada em 125,5 milhões de toneladas, alta de 12,4 milhões de toneladas acima da safra 2021/22, segundo levantamento de maio realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

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