Mato Grosso do Sul, 10 de janeiro de 2025

Desafios da armazenagem do milho são debatidos e impactos preocupam

Os desafios crescentes da armazenagem do milho no Brasil, além dos obstáculos relacionados ao seu cultivo, produção, exportação e sua utilização foram temas de debate no Fórum Mais Milho no Painel do Agro 2023. A discussão aconteceu durante a programação da Agroleite, em Castro (PR).

O diretor da Abramilho, Paulo Bertolini, trouxe à tona a preocupante desproporção entre o crescimento da produção de grãos e a capacidade de armazenagem no Brasil.

De acordo com Bertolini houve um crescimento de 1.000% na produção brasileira de grãos entre 1990 e 2023, mas isso não se estendeu aos armazéns. Além disso, ele ressaltou que a cada ano, enquanto a produção cresce cerca de dez milhões de toneladas, a armazenagem tem um aumento de cerca de cinco milhões de toneladas.

“É uma questão cultural. O agricultor sempre preferiu terceirizar esse investimento, porque ele preferia investir o seu capital na expansão da sua propriedade”, explicou Bertolini.

Segundo o diretor da entidade, desde que o Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) foi criado, é possível observar que apenas cerca de 15% da armazenagem no Brasil está dentro das fazendas.

Diferentemente dos Estados Unidos, principal competidor do Brasil na produção mundial de grãos, que possui mais de 60% de sua armazenagem dentro das propriedades.

“O nosso déficit é de 118 milhões de toneladas e isso acarreta um caos logístico, pois os produtores colhem no mesmo período. Assim, cria-se um custo maior, mais filas em centros urbanos, industriais e nos portos, o que encarece o custo de produção”.

De acordo com Bertolini, o agricultor está entendendo que a armazenagem é uma etapa importante do seu negócio e que o maior desafio atual são os recursos para que ele faça este investimento.

Cobranças

O ex-deputado e ex-ministro da Agricultura, Neri Geller, disse que o PCA precisa ser de investimento para que os produtores consigam sanar os atuais desafios.

“Nós precisamos, enquanto setor, nos mobilizar com mais força. Precisamos trazer recursos para equalizar programas como o PCA”, explicou, ressaltando que a participação do governo é fundamental para oferecer suporte estratégico às atividades econômicas do agro.

Segundo ele, a busca pela equalização das taxas de juros é um dos próximos desafios para o médio e pequeno produtor.

FPA

Já o deputado e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion, garantiu que a bancada ruralista sempre vai lutar por mais recursos para equalização de juros.

“Nosso pedido era 25 bilhões para conseguirmos fazer frente a todos os desafios do agro, inclusive o de armazenagem. Nós temos uma linha boa de armazenagem, porém os bancos não têm dinheiro para emprestar, então a gente precisa, efetivamente, buscar recursos para isso.”

O ex-ministro da Agricultura, Antonio Cabrera, ressaltou que o Brasil tem lugares que possuem recursos, mas que a burocracia tem atrapalhado. Assim, Cabrera sugeriu a criação de uma comissão para ressaltar que o problema do milho a céu aberto é uma questão de segurança nacional, e por isso é preciso desburocratizar a liberação dos créditos.

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