De carona com o boi, preço do suíno supera R$ 10 por quilo pela 1ª vez na história
Os preços do suíno vivo ultrapassaram a marca de R$ 10 por quilo na semana passada, estabelecendo um recorde nominal na série histórica do setor, de acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Nas negociações do dia 27 de novembro, a cotação do suíno chegou R$ 10,26 em Minas Gerais, R$ 10,14 em São Paulo, R$ 9,84 no Paraná, R$ 9,73 em Santa Catarina e R$ 9,43 no Rio Grande do Sul.
O aumento reflete uma combinação de fatores, como oferta restrita de animais, demanda interna e externa aquecida e a valorização das carnes bovina e de frango, que elevaram a competitividade da carne suína no mercado.
Ao longo de 2024, os preços do suíno vivo registraram uma alta significativa, acompanhando a valorização geral no setor de proteínas com alta de 49% na praça de Minas Gerais, que foi seguida por São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
Em novembro, o movimento de alta foi particularmente notável, impulsionado pela proximidade das festas de fim de ano e pela expectativa de recordes nas exportações.
Contudo, nos últimos dias, o ritmo de aumento desacelerou nos últimos dias, devido à limitação do poder de compra do consumidor e ao receio de agentes do mercado em travar vendas antes do Natal.
Segundo o Cepea, os preços elevados refletem a oferta restrita de suínos prontos para abate, fruto de custos de produção elevados nos últimos meses, especialmente com ração, que compõe grande parte dos gastos dos criadores.
Demanda externa
Além disso, a demanda externa permanece aquecida, com o Brasil se consolidando como um dos principais exportadores globais de carne suína.
As exportações brasileiras de carne suína apresentaram um crescimento de 10,7% em volume, totalizando 1,121 milhão de toneladas entre janeiro e outubro de 2024, frente a 1,013 milhão de toneladas no mesmo período de 2023.
O setor está otimista com as exportações. As vendas internacionais têm desempenhado um papel crucial no equilíbrio do mercado doméstico e, segundo projeções de associações do setor, 2024 deve fechar com um novo recorde de embarques.
Os principais destinos da carne suína brasileira incluem Filipinas, China, Hong Kong e outros países asiáticos, que têm aumentado suas compras nos últimos meses.
Proteínas concorrentes em alta
Outro fator que contribuiu para a alta foi o encarecimento das carnes bovina e de frango, que aumentaram significativamente em 2024. Com isso, a carne suína tornou-se ainda mais atrativa para o consumidor, impulsionando ainda mais sua procura.
Especialistas apontam que essa dinâmica de mercado, somada ao período festivo, deve continuar sustentando as cotações em patamares elevados.
Os recordes de preço, no entanto, trazem desafios. De acordo com colaboradores do Cepea, o poder de compra limitado dos consumidores impõe uma barreira ao repasse de aumentos nos valores ao longo da cadeia.