Com foco no agronegócio, Expogrande movimentará R$ 150 milhões em 2023
A Exposição Agropecuária e Industrial de Campo Grande (Expogrande) foi considerada durante muito tempo a segunda maior feira agropecuária do Brasil, ficando atrás apenas da realizada em Uberaba.
Nos últimos anos a exposição havia perdido a identidade rural e focado apenas nos shows.
A 83ª Expogrande, que será realizada entre os dias 13 e 23 de abril, no Parque de Exposições Laucídio Coelho, volta ao foco principal e estima movimentar R$ 150 milhões em 2023.
O presidente da Associação de Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), Guilherme Bumlai, adiantou a confirmação de onze leilões até o momento e que outros dez estão em fase avançada de negociações e encaminhamentos.
Os 40 espaços dedicados aos expositores estão comercializados e, nesta edição, os shows voltarão a ser realizados no parque de exposições.
Nesta edição, a área comercial será maior, com leilões de animais de corte e de leite. Além do gado bovino, a Expogrande será marcada por leilões de equinos. Estão confirmadas as presenças de empresas nas áreas de tratores, equipamentos agrícolas, energia solar e instituições financeiras.
“Queremos atrair 100 mil pessoas em dez dias de evento. A Expogrande começará mais cedo, e os shows terão de acabar até meia-noite. Será um grande espaço para o agronegócio, além do espaço cultural”, disse Bumlai.
O presidente da Acrissul reforça que a ideia é resgatar a essência de festa popular do agronegócio, com circuito de palestras, leilões, fazendinha para crianças, parque de diversões e shows, além da participação do setor florestal, em razão do crescimento dos negócios com integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).
Outra novidade desta edição está relacionado ao preço dos ingressos.
“Teremos entradas e valores diferenciados, pois quem adquirir ingressos para os shows musicais poderá circular em todo o parque, e quem desejar apenas visitar a feira pagará um valor menor”, afirmou Bumlai.
De acordo ele, a nova diretoria da Acrissul está trabalhando para trazer o comércio de volta ao Parque de Exposições e também o público, que ficou desassistido com a ausência do maior evento do agronegócio de Mato Grosso do Sul.
“Os shows musicais estarão de volta e serão realizados até meia-noite. Além disso, teremos os tradicionais leilões de gado, de equinos e de ovinos, bem como circuito de palestras, expositores internacionais, fomento de negócios entre os países da América do Sul, eventos e reuniões sobre a Rota Bioceânica”, informou.
Histórico
No fim do ano passado, o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, destacou que a Expogrande tem um apelo cultural e histórico, e os sul-mato-grossenses se ressentem com a ausência da maior feira agropecuária do Estado.
“A retomada da Expogrande é fundamental para que possamos mostrar a qualidade da nossa pecuária e da nossa carne, além de ser um grande atrativo para a nossa população. É muito importante retornar com a feira depois de tanto tempo com problemas com o Ministério Público e estruturais”.
A exposição agropecuária de Campo Grande é realizada desde a década de 1930. Os eventos começavam durante o dia e fechavam a programação com shows no fim da noite.
Os principais atrativos eram leilões de gado, lançamento de tecnologias aliadas ao agronegócio, exposição de raças diferenciadas de bovinos, equinos, entre outras espécies, e a comercialização de máquinas como tratores, colhedeiras, etc.
Em 2001, a Embrapa levou à feira a tecnologia de identificação eletrônica e rastreamento, um forte mecanismo em favor do rastreamento do rebanho.
Em 2014, conforme dados divulgados na época, a feira realizada em Campo Grande movimentou R$ 594,5 milhões.
Em 2018 e 2019 uma série de reportagens mostraram a insatisfação dos expositores quanto ao perfil da feira.
Na última edição, realizada em 2019, antes da pandemia, os negócios minguaram e a movimentação financeira foi de cerca de R$ 26 milhões. A importância do evento para o calendário nacional chegou a trazer os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva para a abertura da feira.
Na edição do ano passado, a feira foi reduzida a um festival musical realizado no estacionamento de um shopping da Capital, sem os tradicionais leilões, exposição de animais e tecnologias para o setor agropecuário.