Mato Grosso do Sul, 12 de janeiro de 2025

Carne bovina acumula queda de 12,74% em Campo Grande neste ano

Cortes bovinos acumulam queda de até 17% no período de 11 meses

O preço da carne bovina em Campo Grande registrou uma das maiores quedas de toda a série histórica do Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE). De janeiro a novembro deste ano, as carnes registraram, em média, redução de 12,74%, queda maior que a média nacional (de -9,87%). Cortes popularmente consumidos na Capital, como costela (-17,47%) e contrafilé (-10,08%), se destacam com reduções acentuadas.

Ainda de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial, outros cortes bovinos tiveram redução neste ano, como a alcatra, com -9,72%, o coxão mole, com -11,51%, o contrafilé, com -10,08%, e a capa de filé, com queda de 10,73%.

Conforme levantamento do IBGE, a costela é campeã de redução até o mês novembro e acumula queda de 17,47%. No topo do ranking estão, ainda, o músculo, -17,05%, e o acém, -16,72%.

Em 12 meses, a variação também permanece negativa na Capital, totalizando -12,58%, ante queda de 9,29% registrada na média aferida no País. No mesmo período, acém (-17,64%) e costela (-17,17%) tiveram os maiores recuos.

O economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG) Staney Barbosa Melo explica que o excesso de oferta e a escassez de demanda foram características marcantes deste ano. Com isso, os frigoríficos acabaram alongando suas escalas de abate e trabalharam com estoques mais confortáveis, o que naturalmente refletiu em preços menores pagos aos produtores rurais.

“Com maior oferta e preços mais baixos na ponta vendedora, tivemos um ano muito positivo para o consumidor final, que, apesar de não absorver todos os benefícios da queda, viu neste ano preços muito menores nas gôndolas do que no ano passado”, analisa Melo.

Para a supervisora do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese) em MS, Andreia Ferreira, os preços estão menores para os consumidores, contudo, ainda não compensaram os aumentos registrados nos últimos dois anos. 

“Em 2022, o preço médio do quilo da carne bovina, para este mesmo período [janeiro a novembro], era de R$ 40,06. Nesse ano, está em R$ 37,57, uma diferença de somente R$ 2,49”.

A representante do Dieese-MS detalha que outros fatores interferem na formação do preço da carne, como a energia elétrica, que em Mato Grosso do Sul conta com despesa elevada, além do preço do óleo diesel, utilizado com frequência na cadeia de transporte do setor.

“Energia elétrica, diesel e pressão dos supermercadistas têm feito com que os preços para o consumidor não sejam reduzidos na mesma velocidade e magnitude dos momentos de alta”, conclui.

Arroba

No início da cadeia produtiva, a realidade da produção pecuária contribuiu para o resultado visto nos supermercados e nas casas de carne no ano de 2023. Conforme cotação da Granos Corretora, no fechamento da penúltima semana de dezembro, o preço para a arroba do boi gordo em MS foi de R$ 226,22, e para a vaca de R$ 211,23.

Enquanto o consumidor comemora a baixa, o produtor rural viu os preços pagos a quem produz se aproximarem dos valores praticados em 2020. 

“A queda foi de 28,7% no primeiro e no segundo trimestres de 2023, passando de R$ 275 em abril para R$ 196 em setembro. Esses cinco meses representaram a fase mais dura para o produtor rural, o que, inclusive, motivou o setor a se organizar para buscar meios alternativos e melhorar as relações comerciais com os frigoríficos”, detalha Staney Melo.

Logo na sequência, em outubro, o economista destaca que os preços começaram a retornar para patamares acima de R$ 200, aliviando todo a cadeia e estabilizando-se próximos a R$ 225 por arroba ao longo de todo o mês de novembro.

Levando em conta o cenário, Melo aponta para o mercado com um viés positivo nos preços neste início de ano, diante de uma maior demanda, característica desse período de comemorações. 

Em consonância, o presidente da Associação dos Criadores (Acrissul), Guilherme Bumlai, afirma que a expectativa é de que a pressão baixista possa estar chegando ao fim. “Na primeira quinzena de outubro, nós tivemos um aumento de exportação de 21% comparado ao mesmo período do ano passado. Então, isso acaba gerando uma maior demanda por animais bovinos”, completa.

Fonte: Correio do Estado

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