Mato Grosso do Sul, 12 de janeiro de 2025

Após embarques recordes, lenta recuperação do nível do Rio Paraguai preocupa

Com 7,44 milhões de toneladas de minérios e de soja despachados a partir dos portos de Corumbá, Ladário e Porto Murtinho, 2023 vai ficar marcado como o ano de movimento recorde pela hidrovia do Rio Paraguai. Porém, por conta dos efeitos do El Niño, em 2024 esse bom desempenha pode não se repetir. 

O movimento neste ano foi 76% maior que em 2022, quando 4,2 milhões de toneladas desceram pelo rio. O montante supera, inclusive, a soma dos embarques feitos em 2021 e em 2022, que ficaram em 7,2 milhões de toneladas, conforme informações disponíveis no site da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq)

Uma das principais explicações para esse aumento são os embarques de soja feitos em Porto Murtinho, que saltaram de 299 mil toneladas em 2022 para 1,57 milhão de toneladas neste ano. O aumento foi de 423%.

Esse salto transformou Porto Murtinho em um novo corredor logístico, uma vez que 10% de toda a soja de Mato Grosso do Sul foi escoada pelo Rio Paraguai. Tudo foi vendido para indústrias argentinas, que tiveram de apelar à importação porque a estiagem provocou grande quebra na produção local. 

Mas os embarques de minério também tiveram aumento significativo, da ordem de 44%. No ano passado foram 3,89 milhões de toneladas, ante 5,64 milhões de toneladas de minérios retirados das morrarias de Corumbá em 2023 que saíram da região pela hidrovia. 

A estimativa era de que fossem produzidas em torno de 7 milhões de toneladas de minérios na região ao longo do ano. Ou seja, em torno de 1,5 milhão de toneladas foram despachadas pela rodovia, uma vez que o transporte pelo rio parou no final de outubro. 

Nível preocupante

Os embarques pararam porque o nível do Rio Paraguai na régua de Ladário está abaixo de um metro desde o começo de novembro. O nível mínimo chegou a 39 centímetros, no dia 26 daquele mês. Depois disso estacionou em 43 centímetros e há um mês não sai disso. Em anos anteriores, quando ocorreram cheias, ele já começava a subir significativamente na segunda quinzena de dezembro. 

E com a escassez de chuvas na região norte do Estado em outubro e novembro, assim como em Mato Grosso, é provável que o nível se recupere a partir de janeiro mais lentamente do que no começo deste ano. A redução das chuvas está sendo atribuída ao fenômeno El Niño, que deve manter sua influência até abril do próximo ano. 

No dia primeiro de janeiro de 2023 o nível estava em 32 centímetros em Ladário. No final do mês já havia subido 96 centímetros e estava em 1,28. A partir do momento em que o nível passa de um metro a navegação pode ser retomada, mas ainda sem carga total na barcaças. A capacidade máxima das barcaças começa a partir de 1,5 metro na régua de Ladário.

Um dos principais indicativos de que o nível da água tende a subir pouco no próximo mês pode ser visto na régua de Cáceres, em Mato Grosso. No Natal do ano passado o nível estava quase um metro acima do registrado agora, quando está em apenas um metro, conforme a medição feita diariamente pela Marinha. E, ao longo de janeiro não parou de aumentar, chegando a 3,26 em meados de janeiro. 

O nível máximo que o rio alcançou na régua de Ladário ao longo de 2023 foi de 4,24 metros, em meados de julho. Naquele período, a água chegou a sair do leito e alagou algumas planícies pantaneiras, o que não acontecia desde 2018, quando o pico foi de 5,35.

Se o rio não enche no primeiro semestre, o transporte pela hidrovia precisa ser suspenso já no começo do segundo semestre. Em 2020, 2021 e 2022, os embarques foram suspensos já em agosto e setembro.  Agora, pelo fato de ter havido uma cheia um pouco maior, eles foram mantidos até os primeiros dias de novembro. 

Fonte: Correio do Estado

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