Agência americana alerta que chance de El Niño forte é de 56%
A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOOA), agência científica vinculada ao governo dos Estados Unidos, afirma que as chances de o El Niño se tornar um evento forte no seu pico são de 56%.
Segundo o estudo, ainda há uma probabilidade de 84% de ser pelo menos um evento moderado.
Os dados foram reunidos em um artigo assinado pela cientista Emily Becker. “Quando o El Niño é mais forte, gerando uma temperatura da superfície do mar muito mais quente que a média, ele tem uma maior influência na mudança da circulação global, tornando os padrões de impacto mais prováveis”, disse ela.
As chances de um El Niño fraco são de 12%, segundo o estudo. Existe ainda uma possibilidade de que o fenômeno não evolua e recue.
“A natureza sempre reserva surpresas. Embora as condições do El Niño tenham se desenvolvido, ainda há uma pequena chance (4-7%) de que as coisas desapareçam. Achamos que isso é improvável, mas não é impossível”, registra o artigo assinado por Emily Becker.
A agência dos Estados Unidos reitera que os estudos sobre o El Niño são importantes porque permitem que o mundo se antecipe às mudanças e impactos.
No Brasil
No Brasil, em anos de El Niño, geralmente, a chamada corrente de jato subtropical (ventos que sopram na região subtropical de oeste para leste, se posicionando a 10 km de altitude) é intensificada, bloqueando as frentes frias sobre a Região Sul do País e causando excessos de chuva nos meses de inverno e primavera.
Nas regiões Norte e Nordeste, há uma diminuição das chuvas nos meses de outono e verão provocando estiagem, enquanto no Sudeste e Centro-Oeste, não existem evidências de efeitos no padrão característico das chuvas.
Durante o inverno, também existe uma tendência de aumento moderado das temperaturas médias na parte central do País e possibilidade de redução do número de geadas de forte intensidade na Região Sul, restringindo a ocorrência em áreas pontuais e de maior altitude.
O que é?
O fenômeno El Niño é caracterizado pelo enfraquecimento dos ventos alísios (que sopram de leste para oeste) e pelo aquecimento anormal das águas superficiais da porção leste da região equatorial do Oceano Pacífico.
As mudanças na interação entre a superfície oceânica e a baixa atmosfera têm consequências no tempo e no clima em diferentes partes do planeta. Isso porque a dinâmica das massas de ar adota novos padrões de transporte de umidade, afetando a temperatura e a distribuição das chuvas.
O El Niño ocorre em intervalos de tempo que variam entre três e sete anos e persiste em média de seis a 15 meses. As duas edições mais intensas, desde que a ciência passou a compreender o fenômeno, ocorreram em 1982-1983 e em 1997-1998.
Após o fim de um El Niño, um novo episódio só voltará a ser registrado depois que ocorre uma La Niña.
Trata-se também de mudanças anormais na interação entre a superfície oceânica e a baixa atmosfera, porém em sentido inverso: há um resfriamento das águas superficiais da porção leste da região equatorial do Oceano Pacífico.